28.3.07

[até dói]

um espaço que se descaracteriza num abrir e fechar de olhos... a evolução nem sempre trás o ‘tudo de bom’ que esperamos, e nomes famosos sempre têm um poder a si associado. uma memória, não só de infância mas de 4 anos de 90% de vida no centro histórico, é destruída, transformada, mutilada e perdida... restam pedaços de lucidez que aos poucos vão desaparecendo com o tempo. foi simplesmente transformado o património, e não só um património cultural e social, mas essencialmente um património imaterial, o valor (sentimental) das coisas. um purismo que não combina com o que o rodeia, a perda de sentido e a criação de um espaço que nunca mais é 'meu'... o sorriso que descia encantado pela avenida dos aliados, jamais se vai sentir [como ultima instancia, talvez este, dê lugar a um sorriso revoltado], porque desconhece o cinzento chão, que não sendo escorregadio é tristinho e indiferente e igual a mil chãos de outras mil cidades novas... a imensa e nacionalíssima calçada jamais voltará ao seu lugar, os jardins que secaram e as fontes que se perdem no ridículo do vazio. a triste noção, a certeza de que nunca mais será visto esse emblemático postal. o gesto da eliminação imperará sobre a protecção. uma descontextualização que ao fim de uns anos poderá ser decretada como destruição de património e, talvez, se lutará pela reconstrução de um 'todo', de um ambiente que jamais voltará a ser o mesmo. [até dói, o vazio que preenche a nova e desconhecida praça]

2 comentários:

Daniel Ferreira disse...

desculpa o meu termo, mas a meu ver essa renovação da avenida ficou uma boa merda! parilho com a tua opinião plenamente.

GRAÇA disse...

realmente, Joana, é deplorável!
...é, até dóis, mesmo...